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Assistente de Fotógrafo

  • Foto do escritor: Fabio Andrade
    Fabio Andrade
  • 9 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 6 de fev. de 2020


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Acho que todo Fotógrafo sempre ouve aquele comentário "você não está precisando de um Assistente?".

Geralmente são de pessoas que gostariam de estar no seu lugar mas que não fazem a mínima idéia do que é trabalhar como um Assistente Fotográfico.

Quando eu comecei na Fotografia, fui logo me aprofundar mais no assunto e entrei em um Curso rápido de Fotografia na Imagem & Ação. Era um curso de apenas dois meses e que me deixou com vontade de me aprofundar ainda mais no assunto.

Foi quando ingressei no Curso de Fotografia da Escola Panamericana de Artes durante dois anos. Curso Básico e Avançado, o que me possibilitou bastante experiência e muita vivência com Professores e colegas com olhares diferenciados e muita vontade.

Desses colegas, acho que nenhum deles seguiu a carreira de Fotógrafo. Por outro lado, criei uma amizade com meus Professores, que chamo de Mestres, os quais me incentivaram bastante no meu caminho. Especialmente o Professor Welison Calandria que muitas vezes me cedia seu Studio para minhas pequenas Produções.

Naquela época, todos os Professores incentivavam a começar a trabalhar na Fotografia como Assistente de Studio com um Fotógrafo Profissional. Pois além de aprender as técnicas de iluminação, a maioria também fazia produções externas, assim poderíamos aprender mais e a respirar Fotografia.

Comecei logo em um dos principais Studios de Fotografia Publicitária da época. Entrei como Estagiário do grande Fotógrafo Mauricio Nahas.

Foi um desafio e tanto. Diariamente tinha muito trabalho e muitas vezes montávamos até três sets de Produções diferentes, entre Stills e Retratos, sem dizer as Produções Externas. Entrava oito horas da manhã ou antes do nascer do sol e saía a maioria das vezes de madrugada. Foi uma época muito difícil. Conciliar a Faculdade de Publicidade no período noturno com o trabalho era impossível.

O Estagio não era remunerado porém era com um dos melhores Fotógrafos do Brasil e lá se aprendia por osmose, como os outros dois Assistentes diziam. Eu,como terceiro Assistente, jamais podia tirar alguma dúvida com o Mestre e muitas vezes te tratavam como Estagiário mesmo, não sobrando muita alternativa se não prestar atenção e absorver tudo.

Não aguentei muito tempo. Precisamente quatro meses. Emagreci bastante, quase não dormia, faltava muito na Faculdade, perdi muitas matérias, mas as refeições ao menos eram garantidas e a oportunidade de trabalhar com um dos melhores, fez valer a pena.

Logo fiz contato com um amigo da Faculdade que trabalhava em um Studio próximo ao que eu trabalhava e que frequentava os mesmos Laboratórios Fotográficos que usávamos.

Sim, naquela época a Fotografia era Analógica e cada Laboratório era especializado em um formato ou tipo de filme. Kodak ou Fuji; quente ou frio; normal, médio ou grande formato; negativo ou positivo; prova, ampliação ou apenas revelação.

Recebíamos o Lay Out de alguma Agencia de Propaganda e muitas vezes eu que buscava com os Art Buyers. Reproduzíamos em um Set, clicávamos e depois eu levava no Laboratório para fazer a Prova. Se o Fotógrafo ou o Diretor de Arte aprovasse, fazíamos o click final. Por isso, fazíamos vários sets de uma vez e não ficávamos estagnados em uma Produção, esperando pela aprovação do Cliente.

Por isso, nos bastidores, muitos assistentes comentavam que muitos que passaram por lá não seguraram a onda e acabaram desistindo. Foi o meu caso.

Então, o Calvito Leal, meu amigo da Faculdade, hoje Diretor da Globo, me chamou para trabalhar como segundo Assistente de um dos melhores Fotógrafos de Moda da época, o Luis Crispino.

Não era remunerado também, porém o volume de trabalho era menor e a vibração do Studio era outra.

Tanto nesse Studio como no outro, tive a chance de fazer Assistência Free-lance para os outros Fotógrafos que dividiam esses Studios. No primeiro, tive a oportunidade de trabalhar com o Paulo Vainer e Ricardo Barcelos. No segundo, com o Roberto Donaire e Rodrigo Ribeiro. Sem dúvida era muito aprendizado e os Free-las eram pagos. Em uma outra ocasião também fiz Assistência para o Fotógrafo Claudio Edinger.

Logo, surgiu uma vaga de Primeiro Assistente em um Studio próximo. Consegui meu primeiro trabalho como Assitente assalariado, porém o que menos valeu a pena. Fiquei só o tempo da experiência, e prometi para mim mesmo que jamais trabalharia de Assistente novamente.

Não posso deixar de mencionar os amigos que fiz como o primeiro Professor Eduardo Ruegg e o Assistente de Laboratório da Panamericana, Ivan Shupikov, hoje um super Fotógrafo. Sem dizer o Fotógrafo Rogerio Alonso, que na época era Assistente do Rodrigo Ribeiro e depois nada menos que JR.Duran.

Foi então que resolvi me aventurar com minhas próprias pernas. Com o Portfolio debaixo do braço, visitei muitas Editoras de Revistas e marcas de Surfwear ou Skate, as quais me identificava. Naquela época o contato era presencial e muitas vezes só funcionava o QI ("quem indica"). E apesar de ter tido ótimos Mestres, nunca fui apadrinhado de ninguém.

Já de volta à Faculdade de Publicidade e Criação na Universidade Mackenzie, tive a oportunidade de ser convidado pelo Professor de Fotografia, Vicente Greco a trabalhar como Assistente no Curso Avançado de Fotografia da Escola Panamericana de Artes.

Sem dúvida um super aprendizado. Acabei aprendendo mais com os erros dos alunos e tive a chance muitas vezes de explicar para aqueles que não prestavam atenção ou que tinham vergonha de perguntar ao Professor.

O Greco também foi super importante na minha formação e muitas vezes cedeu o Studio que ele dividia com o Ivan Shupikov e o Máximo Jr. para minhas Produções. Sem dúvida devo muito a todos esses Mestres da Fotografia os quais mencionei.

Por isso, sempre quando me perguntam o que é preciso para se tornar um grande Fotógrafo, continuo a dizer que a Assistência é primordial.

Nunca tive um Assistente, sempre trabalhei sozinho, porém sempre dei oportunidades para outros Fotógrafos. Na época que era sócio de uma Empresa de Fotografia Infantil, chamávamos muitos Free-lances tanto na Fotografia quanto na Filmagem. E pagávamos muito bem.

Hoje, com a Revolução Digital, muitos Fotógrafos começam como auto-didatas, não possuem Especialização, fazem muitos Work Shops e seguem os Coachs de Fotografia. Sem dúvida, um caminho muito mais fácil, em que mais interessa os Pre Sets que você escolhe para sua Identidade Visual do que a Técnica e o olhar adquirido com Cultura, Sabedoria e Experiência.

Então eu te pergunto: "você ainda quer ser um Assistente?".

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